OS MICRO CASACOS

PODRIDÃO DE TELEVISÃO
Já alguma vez vos aconteceu, ligar a televisão e entrar de imediato uma carga de telelixo, sala dentro?... Ou há-de ser "Floribesta" a pedinte prostituta… ou então "morangos com cocaína", … ou "conversas de bordéu", … ou estropiados em cadeira de rodas, a quem faltam algumas peças… (a eles, não às cadeiras), e que vem pedir qualquer coisa.
Eu sei que a miséria atrai miséria; e que os velhos, os reformados e outros desocupados; tem forçosamente que ter programas ao seu nível (baixo claro). Agora pergunto eu:
- E aquelas pessoas que estão de férias (como é o meu caso), e cujos impostos ajudam a pagar a caca de televisão que temos… não terão direito a ver algo com qualidade? Nem que seja pouca…
- Para mal da pouca paciência que tenho (admito-o), fiz um zapping, e vi que havia lixo em todo o lado. Aquilo que vi foi:
- Uma novela, daquelas que dá várias horas ao dia, a fazer a apologia da pobreza… E que qual Salazar do sec. XXI, me quer vender a ideia que ser pobre é que é divertido. Devo portanto, deixar de trabalhar e de tentar melhorar a vida que tenho. É que aparentemente, quando (ou se) chegar a rico: os amigos de uma vida vão virar-me as costas; Vou deixar de ter tempo para a minha casa, a minha família e a mulher que amo; E esta, minha esposa, vai abandonar-me, pois os ricos são forçosamente solitários… Sempre pensei o oposto. Sempre pensei, que quanto mais "pasta" mais "racha". Mas pareço estar enganado. Isto foi apenas uma amostra daquilo que ouvi. Se estou a lavrar em erro, ao genérico o devo.
Farto deste "excremento enlatado" mudei de canal…, vi claramente visto, outro "excremento enlatado". Chamava-se aquilo que estava para ver… Morangos com açúcar 16º o regresso, estação Outono – Inverno 2006. Pelo título, isto já deve arrastar-se há uns tempos.
- É uma cópia inferior, de uma novela brasileira, mais ou menos igual. -Disse o meu sobrinho de nove anos. -Nós é que não temos muito jeito para estas coisas.
- Criança perspicaz. – Pensei eu, sai ao tio.
Apesar de haver um filme da Cicciolina com nome parecido, (não sei exactamente, mas também é morangos com qualquer coisa), ou talvez por causa disso, deixei-me ficar a ver um bocado.
Na minha qualidade de homem adulto, eu deveria gostar de ver aquilo. É que tem uma data de jovenzitas, em trajes reduzidos (ou em fato de banho), a pavonearem simultaneamente os corpos e a arte de mau representar. Eu sei que a contenção de despesas, faz com que as televisões apostem nestas nódoas (atenção, eu não disse Noodys. Esse é bom actor!), a quem pagam mal, mas em contra-partida, vendem a ilusão de serem actores de verdade. Sempre lhes sai mais barato que contratarem actores de verdade. Para esses fica reservado o papel de júri de algum concurso onde amadores cantam ou dançam. Eu sei que fiquei a ver um bom bocado, na esperança daquilo ser um filme pornográfico. Mas dez minutos passados ainda ninguém tinha sido enrabado. Fez-se luz! Afinal não é uma série porno. Aqueles fracos actores, não me ensinaram truque algum. Aquilo que ensinam, é toda uma classe influenciável de jovens que lhes dão atenção que:
- Mentir aos pais é aceitável.
- Trocar de "andarilho" (desculpem mas agora não se namora, "anda-se"), como quem troca de peúgas, e fixe.
- Fornicar atrás dos armários torna-te "popular".
- Frequentar anos a fio, (não vi ninguém passar de ano), uma escola onde só se faz publicidade escondida a goluseimas, e não aparece um único livro, é bom.
Não quero parecer fatalista, mas todos os pais que deixam os filhos ver esta trampa, mereciam que os filhos, e em especial as filhas, ficassem exactamente como os moranguitos.
Cansado de mediocridade, continuei a "zappear" para cima e para baixo. Se estava já mal impressionado, pior fiquei. Agora estava um grupo de matronas, gordas como focas (aliás foi o que me levou a parar para ver. Pensei estar a assistir a um documentário da BBC vida selvagem), a lançar impropérios. Na verdade, as volumosas senhoras, com penteados feitos no cabeleireiro da esquina, e com os "vestidos da moda" da feira de Carcavelos; teciam comentários acerca da vida sexual de várias figuras públicas. Não imagino se as figuras eram chamadas "públicas" por serem conhecidas ou por irem para a cama com qualquer pessoa. O mais caricato, é que estas velhas Focas, estavam a defender que as ditas figuras… não deveriam fazer figuras. Penso eu que sou ingénuo:
Que estás tu a fazer senão figuras! Que poderá ser mais "figurativo", que velhas gordas, que para terem sexo, tem que o pagar, estarem a criticar a vida sexual de seja quem for. Talvez se estas vastas senhoras, se olhassem de vez em quando ao espelho, se assustassem com o que vêem.
De qualquer modo, como o tema de conversa parece ser exclusivamente no sexo, eu proponho que se mude o nome de Conversas de quintal, para Conversas de Bordeú. Ou dado a avançada idade de tamanhas bestas geriátricas, Conservas do
Quintal. Aliás pouco se perdia, não era o Goucha cozinheiro?
Se a tudo isso, somarmos os pedintes a quem falta qualquer coisa… estamos tramados. Para ser pior só se aparecessem o Frota e conde da gaveta-larga, numa cena de fallacio.
No entanto, as mais belas ideias podem até surgir no mais atroz ambiente. Foi nesse momento que me lembrei; vou dizer que me falta qualquer coisa de nascença.
Vou ao programa dizer que nasci careca e desdentado, vou ver se me dão um apoio financeiro, para pagar a T V cabo, e eu poder mandar passear a T V portuguesa.