quinta-feira, outubro 12, 2006

É o peixinho

Camaradas condrictios. ( ou condrictes. Para quem não sabe são os peixes de esqueleto cartilagineo, tal como os tubarões ou as RAIAS. )

Sou um trabalhador estremamente ocupado, e usualmente nem tenho tempo para perder em blogs. Mas queria demonstrar aqui, o meu desagrado por uma situação, que presenciei no restaurante on de habitualmente almoço.

Chegou um ao dito restaurante, um anafado cavalheiro que se senta na mesa em frente à minha. Bem vestido, ar jovial de quem está bem com a vida, e saúda-me com um inclinar de cabeça, acompanhado de um rasgado sorriso, deixando-me ver duas fiadas de dentes brancos e afiados como os de um javali. Aliás até a corpolencia era semelhante. Eu, bem educado (não tenho culpa, a minha mãe educou-me assim), devolvo um aceno e um sorriso, que talvez com dentes menos afiados, mas igualmente rasgado. Deixei, no entanto e com um brilho no olhar, escapar um som entredentes, que parecia "olá como está", mas era algo do gênero do "vai-te embora badocha, que apanhei eu o último caldo verde". Caldo verde esse que eu terminei, mesmo nessa altura. E foi mesmo a tempo que o empregado já aí vinha com os meus dois carapaus grelhados. Isto para a minha mãe até deve parecer ficção cientifica... eu a carapaus grelhados. O empregado faz aterrar o meu prato na mesa, e com desenvoltura apróxima-se do meu vizinho da frente e pergunta:
- Para o senhor Silva é o peixinho não é? A minha mulher está já a tratar dele.
Sr. Silva, era esse o nome do "javali". Ele grunhiu um sonido à laia de resposta, virtualmente incompreensivel; e que de qualquer modo perdeu a sonoridade toda, ao etravessar uma boca larga como a porta de uma garagem, e ainda por cima cheia de pão com paté de sardinha meio mastigado. Ìa eu na segunda batata cozida, quando findas todas as embalagens do dito paté e uns quantos trigos, acompanhados por mais de meia garrafa de "muralhas", eis que chegua o "peixinho". Meus caros... abri eu a boca e não foi para meter comida. O dito "peixinho" era nada mais nada menos, que um tamboril de aproximadamente três kilos, e que ultrapassava em dimensão, o individual de papel que eu tinha debaixo do prato. Se estava boquiaberto, mais boquiaberto fiquei, pois não foi só o "peixinho" que "marchou"... foi também uma travessa de legumes salteados, e uma segunda garrafa de "muralhas". Se mais estupefacto eu pudesse ficar, seria talvez com a velocidade com que a comida desapareceu. Ora aqui está, ora já não. Parecia um truque de magia do Luis de Matos. Acabou a sua refeição ainda antes da minha... e enquanto eu tomava o meu café; o sr. Javali Silva, despachou uma fatia de Vienetta, café e Brandy. Acabamos por pagar e sair em simultâneo... e enquanto eu cavalheirescamente segurava a porta para ele passar, uma ideia absurda me ocorreu. O sr. Javali só comeu peixe e legumes. Obviamente está de dieta!!!!!

3 comentários:

JB disse...

Já reparas-te, ananás Voador que podemos por as coisas da seguinte forma: o que ele comeu, traduzido em sardinhas daria qualquer coisa de espantoso com umas 30/35 sardinhas. É muita fruta, ou melhor, muito peixe. Mas nada como um brandyzinho para digerir melhor o tubarão que ele enfardou. Enfardar... que termo lindo. chega a ser poético. Chega a ser de uma classe que nem a Paula Bobone conseguia atingir. Estou inspirado hoje. Ai.

Anónimo disse...

isto é que é falar. quem fala assim não é gago, bem até podia ser porque como está escrito não se notava nada.(isto é ilariante, as coisas que eu escrevo só para não estar sem escrever nada, e ainda hoje estou inspirada, acho eu)mas queria dizer ao ananás voador para continuar assim. eu amo-te, qualquer dia vou para a tua porta toda nua com um cartaz a dizer :"casa comigo". és mesmo fantabulastico. só espero que ainda sejas solteiro, pois a mim não me escapas, ou pelo menos eu assim espero.

Anónimo disse...

Ai que peixa tão grande!